


(PT)
Porque é que chamo a este projeto “The Introvert”?
Chamei-lhe The Introvert porque não podia ser de outra maneira.
Sou uma pessoa introvertida. Mesmo. Não daquelas pessoas que dizem que são “um bocadinho tímidas” mas depois metem conversa na fila do pão. Não. Eu sou daqueles que, perante a ideia de sair para um jantar com amigos, tem de fazer um esforço mental para não cancelar à última da hora. E que, se estiver sozinho numa esplanada, vai preferir observar em silêncio do que meter conversa com alguém na mesa ao lado — mesmo que essa pessoa esteja a fotografar com uma Leica M6 e me apeteça perguntar que filme está a usar.
Ser introvertido condiciona muito a minha vida.
A maior parte das pessoas não se apercebe, porque sou funcional. Trabalho como controller financeiro, lidero uma equipa, dou formação, falo em reuniões — e aí estou completamente à vontade, porque conheço toda a gente há mais de vinte anos. Mas fora desse contexto? É como se a energia se esgotasse.
A maior parte das pessoas não se apercebe, porque sou funcional. Trabalho como controller financeiro, lidero uma equipa, dou formação, falo em reuniões — e aí estou completamente à vontade, porque conheço toda a gente há mais de vinte anos. Mas fora desse contexto? É como se a energia se esgotasse.
E isso tem impacto direto na fotografia.
Não sou daquelas pessoas que marca sessões com modelos, que colabora com outros fotógrafos, que manda mensagens no Instagram a sugerir projetos em conjunto. Não tenho essa capacidade. Já tentei. Mas só de pensar em enviar uma mensagem a uma pessoa que não conheço, fico cansado.
É por isso que a minha musa é a minha mulher.
É com ela que fotografo todos os dias, é ela que está em grande parte das minhas imagens. Não só porque confio nela e ela em mim, mas porque a ideia de convidar outra pessoa para fotografar me parece, sinceramente, um bicho de sete cabeças.
É com ela que fotografo todos os dias, é ela que está em grande parte das minhas imagens. Não só porque confio nela e ela em mim, mas porque a ideia de convidar outra pessoa para fotografar me parece, sinceramente, um bicho de sete cabeças.
Também já pensei em criar um pequeno negócio de fotografia em Lisboa — tipo acompanhar casais em passeios fotográficos e fazer retratos com uma câmara a sério, com composição, luz pensada, etc. Já tenho até o plano todo delineado. Mas nunca consegui dar o primeiro passo. Porque implica falar com pessoas. Combinar coisas. Explicar o meu trabalho. Mostrar-me.
E mostrar-me, para quem é introvertido, é o maior dos desafios.
Mas se há coisa que a fotografia me trouxe, foi uma forma de estar presente.
De sair para a rua com um propósito. De olhar à volta com mais atenção.
De encontrar conforto em ruas vazias, em fachadas silenciosas, em sombras bem colocadas. De, sem dizer nada a ninguém, contar pequenas histórias através da imagem.
De sair para a rua com um propósito. De olhar à volta com mais atenção.
De encontrar conforto em ruas vazias, em fachadas silenciosas, em sombras bem colocadas. De, sem dizer nada a ninguém, contar pequenas histórias através da imagem.
Este projeto chama-se The Introvert porque é isso mesmo: a visão de alguém que não grita, mas observa. Que não sabe abordar, mas sabe esperar. Que não se impõe, mas repara.
Alguém que perdeu oportunidades por não saber como se dá o primeiro passo, mas que também ganhou outra coisa: tempo. Tempo para ver. Tempo para sentir. Tempo para captar a beleza no que passa despercebido.
Alguém que perdeu oportunidades por não saber como se dá o primeiro passo, mas que também ganhou outra coisa: tempo. Tempo para ver. Tempo para sentir. Tempo para captar a beleza no que passa despercebido.
A minha fotografia é isso.
É feita com pouco ruído, pouca gente, e muita presença.
É feita com pouco ruído, pouca gente, e muita presença.
E talvez, no meio deste processo, vá aprendendo também a abrir um bocadinho mais.
Se não for com palavras, que seja com imagens.
Se não for com palavras, que seja com imagens.

(ENG)
Why I Called This Project “The Introvert”?
I called it The Introvert because it couldn’t have any other name.
I’m an introvert. Truly. Not the kind of person who says they’re “a bit shy” but then strikes up a chat in the bakery queue. No. I’m the type who, when invited to dinner with friends, needs a solid mental effort not to cancel last minute. And if I’m sitting alone at a café, I’ll quietly observe rather than talk to the person next to me — even if they’re holding a Leica M6 and I’d love to ask which film they’re using.
Being introverted shapes a lot of my life.
Most people don’t notice it because I’m functional. I work as a financial controller, I lead a team, I give training, I speak in meetings — and in that context I’m completely at ease, because I’ve known my colleagues for over twenty years. But outside of that bubble? It’s like my energy just vanishes.
Most people don’t notice it because I’m functional. I work as a financial controller, I lead a team, I give training, I speak in meetings — and in that context I’m completely at ease, because I’ve known my colleagues for over twenty years. But outside of that bubble? It’s like my energy just vanishes.
And that has a direct impact on my photography.
I’m not the kind of person who schedules shoots with models, collaborates with other photographers, or DMs people on Instagram to pitch joint projects. I just can’t. I’ve tried. But even thinking about sending a message to someone I don’t know makes me feel tired.
That’s why my wife is my muse.
She’s in most of my photos. Not just because I trust her and she trusts me, but because the idea of inviting someone else to pose feels, honestly, like climbing a mountain.
She’s in most of my photos. Not just because I trust her and she trusts me, but because the idea of inviting someone else to pose feels, honestly, like climbing a mountain.
I’ve also thought about starting a small photo business here in Lisbon — something like photo walks with couples, offering them real portraits with proper composition and light. I even have the whole plan ready. But I’ve never taken the first step. Because it would mean talking to people. Making arrangements. Explaining my work. Showing myself.
And for someone introverted, showing yourself is the hardest part.
But photography has given me something else — a way to be present.
To go outside with a purpose. To look more closely.
To find comfort in quiet streets, silent façades, well-placed shadows. To tell small stories through images, without saying a word.
To go outside with a purpose. To look more closely.
To find comfort in quiet streets, silent façades, well-placed shadows. To tell small stories through images, without saying a word.
This project is called The Introvert because that’s exactly what it is: the perspective of someone who doesn’t shout, but observes. Who doesn’t approach, but waits. Who doesn’t impose, but notices.
Someone who’s missed out on things for not knowing how to take the first step — but who’s gained something else: time. Time to see. Time to feel. Time to find beauty in what usually goes unnoticed.
Someone who’s missed out on things for not knowing how to take the first step — but who’s gained something else: time. Time to see. Time to feel. Time to find beauty in what usually goes unnoticed.
That’s what my photography is about.
It’s quiet, low on people, high on presence.
It’s quiet, low on people, high on presence.
And maybe, along the way, I’ll learn to open up a bit more too.
If not with words, then with images.
If not with words, then with images.


